Genealogia, Brigas e Primeiros Beijos - Parte 01

          Sophie estava nos jardins de Hogwarts, embaixo de um frondoso carvalho branco. A garota lia atentamente um gigantesco livro antigo, ao mesmo tempo que fazia anotações. A ruiva estava tão concentrada, que não viu quando o seu namorado se aproximou, roubando-lhe um apaixonado beijo.
          - Boa tarde para você também... - Respondeu a garota, um tanto zonza. Enquanto que o rapaz, com um sorriso nos lábios, sentou-se ao lado da ruiva. - Achei que membros da Corvinal fossem menos passionais. - Provocou Sophie, enquanto voltava às suas anotações.
          - Eu sou diferente. - Pierre respondeu. - O que você está fazendo? - Ele olhou para o livro.
          - Pesquisa.
          - Não sabia que os grifinórios eram tão estudiosos! - Brincou o francês. - Pesquisa de quê?
          Soph deu um suspiro:
          - Não surta.
          - Porque eu surtaria?!
          - Porque eu te conheço... Então dá pra você, por favor, não surtar?
          - Tudo bem, não vou surtar. Agora, me fala qual é a sua pesquisa. Talvez eu possa te ajudar.
          - Genealogia.
          - Porque eu surtaria com isso? Curiosidade sobre seus antepassados não é algo ruim...
          - Se fossem os meus antepassados... Eu procuraria nos livros da biblioteca da minha família. - Respondeu a ruiva, voltando para suas anotações, enquanto esperava o namorado juntar os pontos.
          - Então, sobre quem você está procurando? Eu? - Pierre brincou mais uma vez.
          - Não. - Sophie não tirava os olhos do livro. - Sobre a Nádia.
          - A Nádia? Mas por quê?
          - Pierre, você não acha estranho ela ser esquisita? - Soph fechou o livro.
          - Ela é da Sonserina... Isso pra mim, explica ela ser esquisita.
          - Aí que está! Ela é da Sonserina. O que ela está fazendo com a gente?!
          - Não sabia desse seu lado preconceituoso, contra os sonserinos.
          Sophie deu um tapa no namorado.
          - Você sabe do que eu estou falando!
          - Não acha que você devia ter mais fé? Fé nas pessoas... Elas normalmente fazem coisas estúpidas. Porém, não significa que sejam ruins, ou comensais da morte. - Pierre estava um tanto desconcertado.
          Soph olhou para o namorado, que estava cabisbaixo, brincando com tufos de grama. A ruiva jogou o gigantesco livro para o lado.
          - Eu já te perdoei. A não ser que você tenha um irmão gêmeo... - Brincou a ruiva.
          - Não tenho. Um Pierre é suficiente para o mundo.
          Sophie riu e Pierre continuou.
          - Soph, você não pode aceitar que ela é uma boa pessoa? Se não fosse por ela, não estaríamos juntos.
          A garota parou para pensar nas palavras do francês, e, nesse momento, lembrou-se de como tudo tinha começado com Pierre.
..................
          Sophie estava andando em direção ao campo de Quadribol, contudo, não acreditava que estava fazendo aquilo. Ir a um encontro não era do seu feitio, muito menos, ir a um encontro com um garoto que tinha uma fama mais suja que um trapo de elfo. Porém, depois de muita insistência do francês com o sotaque esquisito, a ruiva tinha concordado com um único encontro, nos termos dela.
          O que ela não contava, é que esse primeiro encontro seria tão surpreendente. Sophie nunca havia passado tantas horas conversando com alguém, que não fossem seus irmãos. Apesar de esse primeiro encontro ter tudo pra dar errado, pois a ruiva tinha obrigado o rapaz a ir no lugar menos romântico e mais antihigiênico para tomar uma cerveja amanteigada, o Cabeça de Javali.
          E um encontro que tinha sido planejado por ela, para ser desastroso, durou mais de quatro horas e com o francês a levando até o quadro da mulher gorda. Assim, antes mesmo que a ruiva pudesse se dar conta, os dois estavam combinando um segundo encontro, com Sophie se comprometendo a mostrar alguns lances de Quadribol a Pierre.
          - Bem... - Disse a ruiva para si mesma, enquanto continuava andando em direção ao campo. - Ele pode se mostrar um verdadeiro babaca hoje, e tudo isso acabar...
          Pierre, por outro lado, a esperava no campo de Quadribol. O rapaz não queria aceitar, mas estava nervoso. Nunca havia conhecido uma garota tão diferente como Sophie, com um olhar tão penetrante e uma personalidade tão forte, tudo na ruiva o encantava, ao mesmo tempo que a intrigava. Os pensamentos do corvinal foram interrompidos, quando ele avistou  uma cabeleira ruiva indo em sua direção, o rapaz não percebeu que sorria.
          - Bonjour! - Ele disse quando ela parou ao seu lado.
          Sophie fez uma cara que não entendeu o que ele havia dito e Pierre logo tratou de traduzir.
          - Bom dia.
          - Você vai ter de dar uma maneirada no francês. Eu já não entendo o seu inglês muito bem. - Respondeu a ruiva rindo. - Muito bem, qual sua experiência com vassouras?
          - Desculpe. Eu posso te ensinar algumas palavras se quiser. - Pierre sorriu. - E minha experiência com vassouras é o que Madame Hooch ensinou em aula.
          - Você não sabe nada então... Para um garoto do sétimo ano, pelo menos. - Logo em seguida, Sophie convocou sua firebolt. - Eu vou fazer algo diferente... - A ruiva tirou uma venda do bolso.
          - O que você vai fazer com isso? - Perguntou o francês, se afastando.
          - Você só vai descobrir se me deixar fazer. Então, o que me diz?
          - Vamos lá? - Respondeu Pierre apreensivo.
          Sophie riu e colocou a venda no rapaz. Em seguida, o ajudou a montar na vassoura, e, por fim, também montou na vassoura, assumindo a posição de controle da mesma.
          - Segure na minha cintura - Instruiu a ruiva, e assim que Pierre enlaçou sua cintura, a garota deu o primeiro comando em sua firebolt. - Suba!
          Assim que a vassoura subiu, a ruiva fez diversas piruetas. Ao atingir a máxima velocidade da firebolt, voou de cabeça para baixo, e, quando diminuiu um pouco a velocidade, encorajou Pierre a abrir os braços.
          - Ora vamos, abrir os braços numa vassoura em movimento, é uma das melhores coisas do mundo! Vamos, confie em mim!
          - Mas eu estou vendado...
          - Por favor?
          - Mas e se eu cair?! - Pierre perguntou.
          - Do chão não passa. - Sophie respondeu.
          A ruiva não entendeu o que Pierre disse, pois ele havia balbuciado algumas palavras em francês. O francês, então, abriu os braços. Ele pôde sentir o vento passando no seu corpo, uma mistura de medo e liberdade. Sophie olhou para trás e viu um sorriso estampar no rosto do garoto.
          - Está gostando? - Sophie gritou enquanto voava.
          - SIM! - Pierre respondeu.
          Sophie riu e continuou dando piruetas no ar. Ao sentir a velocidade aumentando perigosamente, Pierre desistiu de abrir os braços e recolocou a mão na cintura da garota.
(...)
          Depois de algum tempo, pingos de chuva começaram a cair. Sophie então desceu em direção ao chão, com sua vassoura. A chuva rapidamente começou a aumentar, e, antes que Pierre pudesse tirar a venda, Soph puxou o rapaz pelo braço em direção ao vestiário da Grifinória.
          Pierre não sabia por onde estava indo então, resolveu perguntar.
          - Er...Sophie...eu não vou ser jogado no Lago não né?
          - Que tipo de fama eu tenho na Corvinal? - Indagou a ruiva, enquanto tirava a venda do rapaz. - Só estamos no vestiário da Grifinória, esperando a chuva diminuir.
          - Quase a mesma fama que eu tenho na Grifinória. - Pierre olhou para dentro do vestiário.
          Sophie riu, indicando com a mão o vestiário.
          - Viu. Só o vestiário.
          - Não posso negar que estou aliviado. - Respondeu Pierre rindo.
          - Então a minha fama na Corvinal é de destruir corações? - Indagou a ruiva, enquanto ia até um dos armários do vestiário e tirava uma porção de guloseimas.
          - Não. De Quebra-Ossos. - Pierre respondeu.
          Sophie soltou uma gargalhada e Pierre não pôde deixar de sorrir ao ver a garota gargalhar.
          - Quer? - Ela lhe mostrou uma caixa de feijõezinhos de todos os sabores.
          - Aceito. - Pierre pegou um e pôs na boca. Ele fez uma careta enquanto mastigava. - Chulé.
          - Toma. - Sophie jogou um sapo de chocolate para o francês. - Só porque rebati uns balaços nos seus jogadores ruins, acho injusto o apelido de Quebra-Ossos. - A ruiva tomou uma posição séria, enquanto se sentava ao lado do francês. - Certo, vamos ao que interessa. Agora me responde, porque um cara como você quer sair comigo? Se nem me beijar no primeiro encontro você me beijou...
          Pierre engasgou com o sapo de chocolate.
          - Merlin! - Pierre recuperava o fôlego. - E-eu achei você interessante. - O rapaz conseguiu se recuperar mais um pouco, antes de continuar. - Você é destemida, corajosa e muito muito bonita.
          Sophie corou e Pierre sorriu.
          - O-obrigada... - A ruiva se levantou e encostou em um dos armários, estava sem graça, algo que não acontecia com frequência. Porém, depois de alguns minutos a garota conseguiu se recompor. - Bem, então Sr. Paradie, o que você quer ser afinal? O amigo? O amante? O sem noção?
          - Você é muito apressada sabia?! - Pierre riu. - Se for te satisfazer, que tal: nos conhecendo melhor?
          - O menino que teve encontros simultâneos com três garotas, quer ser calmo? - Sophie cruzou os braços. - Certo, qual a pegadinha? Eu sei que não tenho boa fama entre os rapazes dessa escola, desde que eu fiz uma poção para o rosto do Gregory Thompson, que fez nascer furuncúlos no seu rosto... Depois da audácia dele de tentar me beijar no terceiro ano. Então, porque esse interesse repentino? Nunca fomos amigos... Perdeu alguma aposta?
          A palavra "aposta" deixou o rapaz um tanto nervoso. Porém, Pierre pigarreou e disse:
          - Todo mundo acha que você é inglesa, mas na verdade é escocesa. E não fazer essa diferenciação lhe deixa irritada. Sangue-puro, mas odeia quem faz esse tipo de comparação. Está no sexto ano e ainda não sabe que carreira seguir, apesar de ter tirado a terceira maior nota da sua turma nos NONM's. Inclusive, teve uma das maiores notas  em Poções. Então não, não foi um interesse repentino. - Pierre se encostou nos armários, ao lado da garota, esperando que seu plano tivesse funcionado, e a garota não estivesse desconfiando de nada.
          Sophie ficou assustada com as coisas que Pierre sabia ao seu respeito.
          - Devo me preocupar em estar sendo seguida pelos corredores da Escola?
          - Não. - Pierre sorriu. - Sou apenas muito observador.
          - E você é da Corvinal. Seu CDF! - Sophie deu um tapinha no braço do garoto, que riu.
          - Tem isso também.
          Pierre olhou para Sophie ao seu lado, se aproximando lentamente da garota. Sophie corava, mas não se afastou. Então, Pierre a beijou.
          Depois que se largaram, os dois estavam ofegantes.
          - É... Isso explica porque você consegue tantos encontros durante o ano...- Brincou a ruiva, tentando quebrar o silêncio entre os dois.
          Pierre não pôde deixar de soltar uma gargalhada.
          - Vou considerar isso um elogio.
          A grifinória olhou seriamente para o rapaz:
          - Se vamos fazer isso. Eu e você. Não pode passar de uma coisa casual. Eu não quero ter de lidar com as outras garotas que você sai...
          - Mas eu...
          - Você vive saindo com a Jenna Marshall, por Merlin, e eu não quero ter nada a ver com isso. Além disso, não vamos fingir que você está apaixonado por mim ou algo assim... Vamos, é um acordo perfeito... Se eu me apaixonar, te deixo em paz e você vai poder continuar fazendo jus ao seu apelido de Destruidor de Corações... Então, vou repetir mais uma vez. - Soph estendeu a mão para o francês. - De acordo?
          - Eu não tenho direito a dar uma sugestão?
          Sophie balançou a cabeça em negação. Pierre olhou para mão da garota e suspirou.
          - De acordo.
          Eles apertaram as mãos.
          - Acho melhor voltarmos. Não quero perder pontos por estar no vestiário feminino do Campo Quadribol.
- Por aqui... - Sophie pegou a mão do francês.
          Os dois fizeram um caminho bastante rápido, e saíram nos jardins de Hogwarts. Apesar de a chuva ter diminuído, não havia cessado. Na verdade, havia se transformado numa espécie de garoa. 
          - Bem, daqui você já está seguro. - Sophie soltou a mão do francês e começou a rodopiar na chuva.
          Pierre ficou observando Sophie e, pela terceira vez no mesmo dia, estava sorrindo. Soph continuou rodopiando, até notar que estava sendo observada pelo rapaz:
          - O que foi? Só as garotas escocesas podem dançar na chuva? Ou vocês franceses que têm medo de estragar o cabelo perfeito? - Logo em seguida, Sophie pulou em cima do francês, fazendo com que os dois caíssem no chão. - Viu?! Rapazes franceses também se molham na chuva. - A garota ria feito uma criança.
- É que a vista era mais divertida do que participar. - Pierre disse e Sophie ficou sem graça. - E que coisa que todos tem contra os franceses!
- Você respondeu a sua própria pergunta sabia? - Falou Sophie, virando o corpo para encarar Pierre. - Nós temos de odiar vocês, porque os franceses sempre têm uma respostinha charmosa pronta. Respostinha essa que normalmente te deixa sem graça. - Sophie deu um leve tapa no peito do rapaz. - Vamos, está na hora de levantar. Afinal, não somos dois pombinhos apaixonados. - A garota saiu dos braços do rapaz e começou a se levantar.
          - Ah sim. Nos culpe por sermos os bruxos mais românticos do mundo. - O rapaz também levantou. - E qual o problema de ser pombo apaixonado? Vamos lá escocesa, você não vai enfrentar um gigante vinte e quatro horas por dia. Relaxa.
          - Você está tentando me seduzir, Senhor Paradie? - Brincou a ruiva, tentando amenizar o clima.
          - De jeito nenhum. Não funcionaria com você. - Pierre respondeu sorrindo.
          - E o que funcionaria comigo? - Questionou a ruiva, colocando as mãos na cintura e sorrindo em tom de desafio.
          - Ainda não sei. - Pierre deu de ombros e encarou Sophie.- Você é muito complexa.
          - Complexa. É melhor do o adjetivo de sempre...doida. - Sophie foi em direção ao francês. - Bem, doida também é um adjetivo que me define bem. - Soph deu um beijo no rapaz que o fez ficar sem ar. - É, é bom não lutar com gigantes o tempo todo.
          Pierre puxou Sophie pela cintura e a beijou de volta.
..................
CONTINUA...

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