Razão e Sensibilidade - Parte 01
Um jogo de quadribol rolava.Grifinória contra Corvinal. Os alunos gritavam e vassouras passavam pelo ar numa velocidade absurda.
- E o pomo de ouro é apanhado! Grifinória vence! - Lino Jordan gritou.
Após o jogo, os alunos saíam do campo de Quadribol, os da Grifinória comemorando e os da Corvinal, reclamando.
- Como pode a Madam Hooch não ver que aquela garota fez uma entrada hostil na Carmela! - Um dos alunos dizia.
- Ela não é a "Quebra- Ossos" à toa. - Um garoto alto com sotaque peculiar respondeu.
- Vamos Pierre. Não fique chateado. A Carmela vai ficar boa e vai poder voltar para seus braços! - Um outro garoto, Michael, brincava com o amigo.
- É. Aí você vai poder ficar falando "mon amour", "mon blá blá" pra ela à vontade! - O primeiro garoto também brincou.
- Parem vocês dois. Eu não tenho nada com ninguém. E você também deveria se preocupar a "Quebra- Ossos" quase tacou a goles na cara da Hilda. - Pierre apontou para uma garota baixinha e com cabelo comprido.
- Estou sem entender Pierre... Você está defendendo a "Quebra- Ossos" ou está chateadinho que sua Carmela não vai ficar correndo atrás de você? - Provocou Simon, enquanto bagunçava os cabelos do amigo.
- Porque exatamente eu estaria morrendo de saudades da Carmela?! - Questionou Pierre, girando os olhos. - Saímos umas três vezes, por Merlin...
- Ahhh, então está defendendo a "Quebra-Ossos"? - Caçoou Michael.
- Vocês não têm outra pessoa pra importunar?! - Indagou o francês, girando os olhos.
Um rapaz pulou nas costas de Michael, já quando o grupo de rapazes estava fora da arquibancada e andando em direção ao Castelo, pelos jardins.
- Tenha modos Chadwick! - Respondeu Michael rindo. - Seja mais cauteloso com os sentimentos do nosso pobre amigo Pierre...- Caçoava o rapaz.
- Já sei! - Berrou Chadwick. - O Pierre fica assim porque a "Quebra-Ossos" não dá bola para nosso amigo estrangeiro!
- Verdade! Ele deve se doer todinho porque ela é uma das poucas que resiste ao charme francês! - Michael completou.
- Vocês são desprezíveis! - Pierre disse enquanto andava em direção ao castelo.
- Então é verdade! - Chadwick continuava a zombar.
- Vamos Pierre, não se pode ganhar todas! - Falava Simon.
- Espertão, eu consigo sair com ela se eu quiser! - Pierre debochou.
Assim que o francês terminou de falar, sentiu algo passando a centímetros de sua cabeça. Quando o grupo de quatro rapazes se virou para saber o que estava acontecendo, avistaram a Quebra-Ossos, pendurada nas costas de um rapaz de cabelos e olhos castanhos que corria em zigue-zague pelos jardins do Castelo, ambos estavam com as vestes de Quadribol da Grifinória.
- SAIAM DA FRENTE, BANDO DE ÁGUIAS PERDEDORAS! - Berrava a ruiva girando o seu bastão de Quadribol, dando golpes no vento. - Vamos Rich, mais rápido! - A ruiva e o rapaz que a carregava riam, enquanto continuavam a soltar gracinhas para todos os alunos da Corvinal que passavam por eles.
- É... Essa aí está no papo...- Falou Simon irônicamente.
- Ridículo. - Pierre nem olhou para Simon.
- Vamos Pierre. Eu e meu amigo Chadwick aqui, apostamos que você não consegue sair com ela. - Simon apontou para a garota, que já estava lá na frente.
- E quem disse que eu quero apostar alguma coisa seus idiotas?
- Não, não...- Começou Michael. - Esse tipo de aposta é muito pequena, para o nosso querido amigo francês aqui...- Michael colocou o braço no ombro de Pierre. - Eu aposto que você não consegue tudo.
- E o que seria tudo? - Questionou Chadwick.
- Eu aposto que o nosso amigo francês, não consegue fazer a ruiva se apaixonar por ele...- Michael tirou o braço do ombro do amigo, começando a listar com os dedos os objetivos da possível aposta. - Ou seja, você vai ter de sair com a ruiva, conseguir namorar com ela e fazê-la admitir que está completamente apaixonada por você...
- Isso é uma estupidez...- Pierre respondeu, acenando a cabeça em negativa.
- Qual é Pierre?! Que maneira melhor de nos convencer que qualquer garota pode ser sua... se você quiser...- Falou Simon. - Que seus olhares pra "Quebra-Ossos", durante as refeições podem deixar de serem patéticos e um dia serem correspondidos... - Provocou o corvinal.
- Eu não tenho motivo para fazer isso esperto! O que eu vou ganhar? - Pierre falou, franzindo o cenho para Simon.
- Então você quer deixar as coisas mais apimentadas... - Chadwick riu.
- Claro! Quero ganhar alguma coisa que não seja mais uma garota apaixonada me perseguindo pelo Castelo.
- O que você deseja ó Senhor Sedutor de Garotas? - Simon perguntou, fazendo uma reverência.
- Não sei... O que vocês tem para perder? - Pierre debochou mais uma vez.
- Acho que ele está gostando dessa ideia Simon. - Chadwick disse, com um sorriso maroto nos lábios.
- Também acho. Ele está até falando que vamos perder! - Simon respondeu para o amigo. - Pense então Pierre, o quê você quer para conquistar a "Quebra- Ossos"?
O francês parou de andar, e encarou os amigos. Naquele momento, viu que eles estavam falando realmente sério, então, decidiu fazer uma proposta que sabia que eles iriam recusar.
- Pra começar... Dez galeões de cada um de vocês... E, vocês vão ter de correr pelados pelo Salão Comunal da Corvinal. - Propôs Pierre. - Afinal, todos conhecem as histórias daquela ruiva, vocês precisam fazer com que tudo isso valha a pena... Então, o que me dizem?
Os outros três rapazes se entreolharam.
- Topamos. - Respondeu Chadwick, para espanto de Pierre, estendendo a mão. O francês, sem argumentos ou poder de escolha, retribuiu o gesto, apertando a mão do amigo.
- Você não vai conseguir. - Simon completou. - Ela azarou o Michael Donner da Lufa-Lufa outro dia. Ele ficou uma semana na enfermaria... E olha que ele só soltou uma gracinha sobre os escoceses usarem saias ridículas.
- Mas talvez, você tenha mais sorte do que o meu xará...- Falou Michael, dando um leve soco no ombro do francês. - Além disso, sabe o que dizem... As ruivas são selvagens! - Michael bagunçou o cabelo do francês e todos caíram na gargalhada.
***
França
Era nisso que Pierre Paradie pensava, enquanto caminhava sozinho a caminho de sua casa em Paris. O rapaz havia aproveitado o fato de sua namorada ter ido para o casamento do irmão, para ir ver a sua família. Paradie havia tomado uma decisão, e para isso precisava dar essa escapada de Hogwarts no final de semana.
O caminho até o apartamento de sua família ainda estava distante, o rapaz poderia chegar lá em questão se segundos, por meio da aparatação. Contudo, ele estava apreciando aquela caminhada, na verdade ele precisava dela.
***
Domingo. Uma e meia da tarde. Sala secreta em Hogwarts. Um grande tapete puído, rodeado por almofadas. Dois jovens despidos, enrolados em uma grande pele de hipógrifo. Roupas jogadas no chão.
"Eu estou ferrado", pensava o francês, enquanto observava a ruiva dormindo em seus braços.
Há alguns meses atrás, quando Pierre fizera a aposta, ele não imaginava que iria se apaixonar por aquela cabeleira ruiva. Porém, ali estava ele, completamente alucinado por aquela escocesa louca, e, para completar, naquela tarde, os dois haviam dormido juntos pela primeira vez.
O francês sabia que tinha de contar toda a verdade, se quisesse um futuro com Sophie e com toda certeza ele queria. Contudo, Pierre também sabia, que contar tudo para Soph, significava, muito provavelmente, que ela nunca iria perdoá-lo, que ele jamais a teria novamente em seus braços.
O rapaz tirou uma mecha ruiva que pendia nos olhos da ruiva, fazendo a jovem bruxa despertar.
- Oie.- Disse Soph, ruborizando, quando seus olhos encontraram os do namorado.
- Olá. - Pierre sorriu. - Você fica bem de vermelho.
Sophie riu tímida e se aninhou nos braços de Pierre.
- Você gostou? - O garoto acariciou a cabeça da ruiva.
- Gostei. - Ela sorria, ainda ruborizada.
- Você?
- Claro. - Ele também sorria. - Você é incrível!
A ruiva riu e olhou para o namorado:
- Tem certeza...? Em relação à França... Visitar sua família é tudo mais...
- Claro que sim chérie...- Pierre beijou a mão da ruiva. - Quero apresentar a mulher que eu am...- O rapaz travou naquele momento, apesar da certeza que tinha dos seus sentimentos, ele e Sophie nunca haviam dito aquelas palavras.
Sentindo a tensão do francês, a ruiva colocou a mão sob sua face e respondeu:
- Eu também te amo.- Soph beijou delicadamente os lábios do rapaz. - Achei muito óbvio para ser dito, mas às vezes, obviedades precisam ser ditas.
- Sim, obviedades precisam ser ditas. - O francês a olhou com carinho, antes de depositar um beijo em sua bochecha. - Je t'aime. - Pierre sussurrou no ouvido de sua namorada.
***
Sim. Pierre estava se lembrando de tudo o que o havia conduzido até ali, desde a estúpida aposta até as primeiras juras de amor trocadas com Soph. Por mais que fosse ilógico, por mais que ele estivesse sendo estúpido e precipitado para os outros, ele sabia exatamente o que queria. Sophie ao seu lado, em meio a todo o caos que o mundo bruxo estava prestes a sofrer.
Pierre havia tomado a sua decisão, e naquele fim de semana informaria aos seus pais.
Escócia
Sophie estava encostada numa parede, encarando a linda vista dos jardins das terras altas escocesas. Apesar de aquele cenário lhe ser bastante familiar, era muito estranho estar ali, visto que, não estava na vila bruxa que sua família, o clã Armstrong-Wallace comandava.
Na verdade, a jovem bruxa se encontrava numa outra vila escocesa bruxa, na casa da futura esposa de seu irmão Jamie, Evangeline.
- Espero que sua melancolia não seja por conta de meu casamento... - Uma jovem de cabelos castanhos escuros e intensos olhos azuis, interrompeu os pensamentos de Sophie, adentrando no recinto.
- Sabe que não é. - A garota virou-se para a morena, dando-lhe um sorriso.
- Meu casamento lhe recorda as obrigações que você terá daqui a um ano. Certo? - Sugeriu Evangeline, pondo-se em frente à ruiva.
- Hogwarts me faz esquecer as tradições escocesas. - Respondeu Soph, voltando seu olhar para a janela.
- Às vezes, me arrependo de ter incentivado você a pensar no momento, a não se deixar definir pelas tradições... - Falou Evangeline, também virando-se para a janela.
- A decisão final foi minha. - Soph segurava o colar com o pingente de fada, que Pierre havia lhe dado quando começaram a namorar.
- Não achei que um simples primeiro encontro fosse levar a isso. - Evangeline apontou para o pingente, com a cabeça. - Só queria que você tivesse uma experiência normal, que toda jovem bruxa possui.
- Não se culpe. Já disse. A decisão foi minha. - Sophie deu um profundo suspiro.
- Conversar com Ian ainda não é uma opção?
A ruiva acenou com a cabeça em negativa, deixando uma lágrima escorrer pelo canto do olho.
Continua...
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