Fim da Guerra Fria?
Nádia caminhava pelo corredor em direção às masmorras; ela pretendia ir ao Salão Comunal da Sonserina. Porém, a garota foi interceptada por um grupo de alunos da sua Casa.
- Com licença. - Ela disse secamente.
- Então quer dizer que você tem passeado com os leões... - Um dos alunos disse.
- Não é da sua conta Prince. - Nádia encarou o garoto.
- Cobras não andam com leões. - Um outro respondeu.
- Não mesmo. - O primeiro, Prince, completou.
- Nós deveríamos fazer alguma coisa. - Uma garota que estava no grupo sorriu maliciosamente.
- Por que não batem com balaços na cabeça? Quem sabe o cérebro de vocês volta para lugar. - Nádia respondeu.
- É uma boa sugestão. Do que faríamos com você... Porém, tenho uma ideia melhor... - Falou a garota, ainda com um sorriso malicioso no rosto.
(...)
Já era noite, Hogwarts estava silenciosa, apesar de ainda não ter dado o toque de recolher do Castelo. Um grifinório andava carregando sua Nimbus 2001. Richard havia passado uma boa parte de seu tempo, após o jantar, treinando sozinho para o próximo jogo de Quadribol contra à Lufa-Lufa. E, naquele momento, tudo o que ele queria era um bom banho quente e sua cama.
O rapaz andava calmamente, quando viu uma varinha largada no chão, próxima a uma das armaduras do Castelo. Richard ficou preocupado, uma varinha largada num dos corredores de Hogwarts era, no mínimo, estranho.
O garoto pegou a varinha e olhou ao seu redor. Estava sozinho. Rich decidiu colocar a varinha no chão e ir embora, não queria se envolver em problemas, ainda mais, em um que ele nem sabia onde estava se metendo.
O grifinório colocou a varinha no chão, se levantou e deu as costas. Contudo, não conseguiu ir embora.
- Mas que merda... - Disse Rich, voltando para o local da varinha, pegando-a e tentando entender àquele enigma.
Ele caminhou pelo local a procura do dono da varinha.
- Oi? Caiu uma varinha aqui. - Ele levantava a varinha. Ninguém respondeu. "Que ótimo!" Ele pensou, mas continuou a procurar.
Passando pelo que deveria ser um armário de vassouras, o garoto escutou um barulho baixinho, como um choro.
- Deve ser a Madame Norrah presa. Vou soltar ela.
Ao abrir a porta, viu que nada saiu do armário mas o choro continuava. Rich, então, entrou e viu o professor Snape de costas, em cima de alguém.
- Professor...? - Ele chamou. - Está tudo bem? Deixaram essa varinha cair e é melhor dar ela para o senhor...
O professor não virou de costas.
Richard achou estranho e encostou no homem. Ao tocá-lo, o professor subitamente começou a mudar de forma e se transformar em vários balaços vindo em sua direção.
- Droga! Um bicho papão! - O garoto sacou a varinha rapidamente e disse - Riddikulus!
Os balaços se transformaram um bolhas de sabão. O grifinório aproveitou a situação e correu para pegar o aluno que estava abaixado. Era Nádia.
Rich tentava fazer a garota levantar, mas ela estava paralisada.
- Droga... - Murmurrou Richard, antes de pegar a jovem no colo e tirá-la do armário.
O rapaz a colocou sentada no corredor, junto a sua Nimbus 2001, que ele havia largado na porta do armário de vassouras, antes de adentrá-lo. Rich se certificou que o armário estava bem trancado, antes de ir em direção à Nádia:
- É sua? - O rapaz mostrava uma varinha branca, com flores amarelas entalhadas em seu cabo.
Nádia balançou a cabeça dizendo que sim. Rich percebeu que a garota tremia, ele tirou a veste de quadribol e a colocou em cima dela.
- O cheiro não está bom, mas vai te aquecer. - Ele disse tentando fazê-la rir.
Nádia não esboçou nenhuma reação, deixando o garoto preocupado.
- Você quer ir à enfermaria? Quer que eu chame alguém?
A garota respondeu que não com a cabeça.
Rich deu de ombros, por mais que tivesse suas reservas com a sonserina, ele não era um monstro.
- Foi uma emboscada né? - Perguntou o garoto, sentando-se ao lado da jovem.
Nady assentiu.
- Grifinórios? - Sugeriu o rapaz, apesar de, no fundo, saber a verdadeira resposta.
A garota negou com a cabeça.
- Sonserinos?
Nádia confirmou silenciosamente.
- P-porquê? - Questionou Rich, que apesar de saber exatamente o que um sonserino é capaz, não conseguia deixar de estar perplexo.
- Porque eu falo com vocês. - Nádia respondeu baixinho.
- Mas isso não é certo! - Rich gritou e sua voz ecoou no corredor vazio.
- Eles não querem saber. - A garota olhou para Richard.
- Quem foi? - Ele perguntou.
- Deixa pra lá. - Nádia tirou a veste de quadribol. - Obrigada.
O rapaz segurou a morena pelo pulso:
- Você não pode voltar lá... Acha que eles vão te deixar em paz?
- Não precisa fingir que se importa... - Nádia soltou-se de Rich, se levantando.
O rapaz também levantou.
- Não somos amigos. Você deixou isso bem claro. Obrigada, de novo.
O garoto segurou o braço de Nádia mais uma vez.
- Mas o que fizeram com você não foi certo!
- Estou acostumada. Você fez a mesma coisa.
- Eu... agi por impulso... - Rich suspirou.
- Por impulso ou não, você fez a mesma coisa. - Disse Nádia.
- Não. Eu e você duelamos. Eu não armei uma emboscada, arranquei sua varinha e lhe tranquei num armário com um bicho papão. Por mais babaca que você ache que eu seja, ao menos, te dei uma luta justa. Que por acaso, caso não se lembre, você ganhou.
- Tá bom. - A garota deu de ombros. - É melhor eu ir.
- Eu acompanho você.
- Não precisa...
- Olha, eu não fui com a sua cara... - Começou Rich.
- Obrigada... - Interrompeu a garota, irônicamente.
- Pode me deixar terminar?! - Questionou o rapaz. A garota se calou. - Sim, não fui com a sua cara, mas aquilo que eu vi, não é nem ao menos humano. A gente pode continuar não se gostando. - O rapaz deu um longo suspiro. - Mas eu vou te acompanhar, e amanhã ou até mesmo hoje mais tarde, você pode continuar me odiando. Ok?
- Ok. - Nádia deu de ombros, cansada de argumentar. E, os dois começaram a andar em direção às masmorras.
Durante o caminho, um silêncio desconfortável reinava. Rich, então, tentou puxar assunto:
- Desculpa perguntar mas, o seu bicho papão é o professor Snape? Não me entenda mal, ele realmente é assustador.
- Não exatamente. - Nádia respondeu. - Não era ele o bicho papão; era o que ele estava dizendo no meu ouvido.
- É... O professor Snape soltando flertes baixinho no meu ouvido... É, pensando bem... Ele também é o meu bicho papão agora. - Brincou o rapaz, fazendo uma careta. Ele achou indelicado perguntar para Nady, o que o bicho papão estava lhe dizendo.
Nádia riu em resposta.
- E você? Balaços? - Ela perguntou.
- Não são bem os balaços... É mais o fato de ter algum tipo de lesão, que me impeça de jogar Quadribol. - O rapaz explicou.
- Entendi... - Nádia suspirou. - Bem, me desculpe pela ignorância de antes. - A garota deu de ombros.
- Eu mereci. - Rich respondeu.
Os dois jovens chegaram nas masmorras, perto da entrada do Salão Comunal da Sonserina.
- Obrigada. - Agradeceu Nádia.
O rapaz deu de ombros.
- Não. - Nady segurou o braço do rapaz. - De verdade. Obrigada.
- Não tem de quê. - O rapaz sorriu, colocou a vassoura no ombro e deu as costas para a garota.
- Rich! - A jovem bruxa chamou. Quando o rapaz se virou, ela perguntou. - A rixa... Continua?
- Claro que sim. Eu sempre serei da melhor Casa e você da pior de todas. - Nádia olhou espantada para a reação do rapaz.- Mas com certeza, inimigos podem se respeitar. Deveria ensinar isso, aos seus companheiros de Casa. - O rapaz deu um sorriso de lado, antes de ir embora.
Sozinha, Nádia observou o bruxo ir embora, e, retribuiu aquele sorriso, antes de entrar em seu Salão Comunal.
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