Conviver Não É Para Os Fracos - Parte 02

(...)
Ao terminar a aula, os alunos foram para o Salão Principal. Todos comentavam sobre a aula; alguns reclamavam, outros diziam estar com medo do que estaria por vir nas próximas aulas...
- Eu ainda não me acostumei com o Snape dando aula de Defesa Contra às Artes das Trevas... - Johnny dizia para Sophie.
- Eu ainda não me acostumei com o fato de deixarem Snape lecionar. - Sophie respondeu.
- Bem... Isso não deixa de ser surpreende... - Concordou John. - Mas mudando de assunto, como está o Rich? - O rapaz perguntou, enquanto se sentava na mesa da Grifinória.
- Madame Pomfrey disse que ele vai se recuperar rápido... Que deve estar conosco na aula de Poções. - Sophie se servia de batatas assadas. - Só espero que ele não tente envenenar a Nádia, depois daquele duelo...
- Acho que ele não tenta nada com ela, por um bom tempo. - Johnny respondeu. - Que diria que ela ia fazê-lo voar pela sala. 
- É uma surpresa agradável, saber que ela é assim. - Sophie riu.
(...)
Mais tarde, naquele dia, John e Soph foram para a aula de Poções. Quando os dois jovens chegaram na sala de aula, Richard já estava sentado, aguardando o professor chegar.
- Melhor? - Perguntou Johnny, ao se aproximar do amigo.
Rich não respondeu e continuou encarando a sala. 
- O que deu nele? - John perguntou para a amiga.
Em resposta, Sophie apenas apontou com a cabeça em direção à porta. Johnny se virou, avistando Nádia entrando no recinto.
- Ah! Tá explicado. - Johnny murmurou e Sophie abafou o riso.
- Dessa vez, você faz dupla com ela. - Rich, subitamente falou. - Quero durar até o final do ano.
- Não seja tão dramático... Foram só umas palmadas... - Disse Sophie, enquanto se sentava ao lado de um Richard mal-humorado. - Tá bem. Parei. - Falou Soph, quando o rapaz lhe lançou um olhar feio.
Mesmo sabendo que o amigo continuaria irritado, Sophie decidiu acenar para Nádia, que foi em sua direção.
- Como você está? - A morena perguntou para Rich, que não respondeu.
A garota ficou sem graça e achou melhor sentar em outro lugar, mas Soph logo sugeriu.
- Por que você não faz dupla com o Johnny?
- Está tudo bem... Eu sento lá na frente. - Ela respondeu, sem graça.
- Bobeira, senta com ele. - Sophie riu, e mostrou a mesa com um caldeirão ao lado da dela.
- Ah, tudo bem então... - Disse Nádia, sem conseguir achar argumentos para contrariar a ruiva.
Quando a morena se aproximou da mesa que John estava sentado, o rapaz tentou cumprimentá-la, sem deixar transparecer o quanto estava apavorado e intimidado pela jovem.
- O-o-oi. - Gaguejou Johnny, mais atrapalhado do que o de costume.
 Antes que Nádia pudesse responder, o professor Slughorn entrou na sala e pediu para que os alunos pegassem os ingredientes da dispensa para a poção que seria feita naquela classe.
- Vocês devem pesar minuciosamente cada ingrediente. É uma poção muito delicada. - Ele dizia andando pela sala.
- Deixa que eu pego os ingredientes. - Nádia disse e foi para a dispensa.
- Porque você fez isso?! - Johnny correu para o caldeirão em que estavam Sophie e Rich, assim que a morena entrou na dispensa.
- Em primeiro lugar, o Rich jamais iria sentar com ela.  Começou a ruiva.
- E por acaso, eu não tenho razão?! - Resmungou Richard.
- Só vai pegar os ingredientes... - Falou a garota, revirando os olhos.
Assim que o Rich foi em direção à dispensa, Sophie continuou:
- Em segundo lugar, ela é uma pessoa legal que precisa de amigos...
- M-mas... - Começou John.
- Em terceiro... - Soph interrompeu o amigo. - Precisamos de uma adição feminina ao grupo.
- Como assim?! - Questionou o garoto.
- Muito simples. Se tu tiver de passar mais uma noite da minha vida, discutindo o porquê de a figurinha de Alvo Dumbledore ser bem mais rara do que a de Gunhilda Gosermoor, eu juro que farei uma chacina nessa escola, começando por vocês dois! - A garota ajeitou os cabelos. - Agora para de ser frouxo, e aja feito um grifinório! 
Apesar de haver um quarto motivo, que por sinal, era o maior de todos eles, a ruiva decidiu não comentar com seu amigo, pois ele jamais concordaria. Em vez disso, a jovem bruxa apenas apontou em direção à porta da dispensa.
Johnny virou-se para trás e viu Nádia voltando com os ingredientes. Ele foi em direção a ela, estendeu a mão, pegou alguns e os dois foram para a bancada.
- Então... qual o primeiro ingrediente? - Johnny perguntou.
- Sementes de Salgueiro. - Nádia respondeu. - Mas no livro diz que elas tem de estar trituradas. Melhor pesar, só depois de triturar.
Sophie observava, pelo canto do olho, John e Nádia trabalharem na poção.
- Ele não vai fazer nada?! - Resmungou a ruiva.
- Nada o quê? - Perguntou Rich.
- Ele não gosta dela?! - Questionou Sophie. - Não era a hora dele jogar um charme ou qualquer coisa do tipo?! - A ruiva resmungava, enquanto pesava  primeiro ingrediente da poção.
- Soph, não sei se você sabe, mas o Johnny é tímido. - Rich disse.
- Bah! Eu dei esse momento para ele e ele vai estragar tudo! - Sophie ainda reclamava.
- Você achou que ele iria aproveitar essa situação? Ele deve estar se tremendo por dentro.  Rich riu, enquanto passava um dos ingredientes para a ruiva. 
- A Nádia também não ajuda...  - Soph bufou.
- Soph, não sabemos se ela gosta dele... Aliás, nós não sabemos nada sobre ela. - Rich respondeu, enquanto ajustava o fogo no caldeirão de poções.
- Bem, só porque não sabemos muita coisa dela, não significa que ela é uma comensal. - Sophie esmagava as sementes de salgueiro com destreza.
- Também não significa que ela não é... - Respondeu Richard, começando a extrair o sumo dos besouros cinzentos para a poção.
A ruiva, em resposta, girou os olhos mais uma vez, enquanto pesava as sementes de salgueiro trituradas.
- Não vem com essa pra cima de mim, não era você que estava investigando ela?!
A garota olhou para o amigo, lembrando-se do exato momento em que decidiu traçar a árvore genealógica de Nádia. Soph, apesar de seu amigo nunca ter lhe confidenciado tal fato, notou a queda que Johnny tinha pela sonserina, e, quando ela descobriu o que ele tinha feito por ela, a ruiva decidiu devolver o favor.
***
Pierre estava sentado no salão comunal da Corvinal, girava o cordão com o pingente de fada em suas mãos. Toda Hogwarts estava comentando da briga que ele e Soph tiveram. Apesar de ninguém saber exatamente o porquê da briga, todos sabiam que os dois haviam terminado.
Um rapaz loiro de olhos negros, sentou ao lado de Pierre, jogando uma bolsinha pesada na sua frente. 
- Sempre honro minhas apostas. - Respondeu Michael, um dos amigos de Pierre que havia aceitado a aposta. O loiro forçava um sorriso.
 Pierre fez um olhar de espanto.
- Dez galeões, você conseguiu, fez a Quebra-Ossos se apaixonar... - Justificou o loiro.
O francês encarou a bolsinha.
- Pode ficar. - Ele levantou e saiu do Salão Comunal da Corvinal, deixando Michael sem entender nada.
O jovem bruxo seguiu pelos corredores até a Torre da Grifinória, chegando lá, sentou-se no chão, esperando que Soph, sua ex-namorada, descesse para o jantar.
Após algum tempo, Johnny saiu do retrato da Mulher-Gorda, avistando Pierre.
O grifinório pensou em imitar a possível atitude de Rich, naquela situação. E dar uns bons socos no rapaz. Porém, quando viu o quão abalado o corvinal aparentava, simplesmente se viu sentando ao lado do francês:
- Ela não vai descer, pra jantar... Se é isso que você está esperando. Ela tá trancada no quarto, desde que vocês brigaram mais cedo...
- Eu preciso falar com ela. - O corvinal falou em um suspiro.
- Você fez uma burrada muito muito grande. - Johnny olhou sério para Pierre. - Eu, se fosse você, dava um tempo para ela esfriar a cabeça.
- A garota esquisita da Sonserina disse isso também.
- É o melhor a se fazer. De cabeça quente, ela, nem você vão conseguir conversar e, talvez, resolver tudo.
- Eu só... Eu só não consegui dizer a ela...- Pierre estava cabisbaixo. - Isso me faz parecer um canalha...
- Você foi um canalha. Apostar sobre garotas não te faz o partido do ano. - Johnny deu de ombros.
- Eu tinha um plano, iria levá-la até a França... Terminaríamos de oficializar tudo...
- Pierre, eu não sou uma pessoa que sabe muito das coisas, mas você deveria ter dito sobre esse assunto bem antes. Mesmo errado, talvez ela te perdoaria.
- E eu ia dizer como?
- Com a boca. Ela não serve só para galantear sabia?
Pierre riu sem graça com o que Johnny disse.
- Você está arrependido? - Johnny perguntou.
- Mais que tudo.
- Corra atrás do prejuízo então!
- Mas como? Ela não quer falar comigo.
- Aí é problema seu. Eu nem deveria estar aqui sentado contigo.
Pierre concordou silenciosamente, balançando a cabeça. Enquanto Johnny se levantava e limpava as vestes.
- Mais algum conselho? - Perguntou o moreno, ainda sentado, encarando o grifinório.
- Dois, na verdade... O primeiro, eu tomaria cuidado nos corredores, a Soph sabe ser muito criativa com poções e feitiços para pregar peças... Número dois, eu tomaria cuidado redobrado nos corredores, além da Sophie, você irritou o Rich. E, por mais que ele não seja tão genial em pregar peças, ele luta boxe desde os dez anos. Além disso, nenhum dos dois teme em perder pontos ou levar uma detenção...
- Certo. Tomar cuidado nos corredores. - Pierre balançou a cabeça. - A esquisita da Sonserina disse que vai encontrar a Sophie em Hogsmeade. Confirma?
Johnny ficou trêmulo com a informação.
- Se ela disse... 
- Vou aparecer lá.
- Não faça nenhuma burrice.
Johnny começou a descer as escadas, mas parou. Ele virou para Pierre, que levantava.
- Maior né.
Pierre esboçou um sorriso amarelo, enquanto o outro garoto seguia seu caminho.
***
Desde que seu namorado havia lhe contado sobre a atitude do amigo, Sophie decidiu ajudar a empreitada amorosa de John. A princípio tinha decidido investigar sobre Nádia, mas agora, estava tentando utilizar uma outra abordagem.
- Eu não estou fazendo mais isso... - Disse a ruiva se concentrando no presente, e começando a partir em lascas a casca de Wigentree. - O Pierre me recobrou a razão. Não era certo. - A garota tentava continuar concentrada em sua tarefa.
 "Ah claro, o certo é apostar sobre uma garota, e dizer que estar apaixonado por ela, para se safar." Pensou Rich, enquanto continuava a extrair o sumo para a poção.
(...)
Na bancada de Nádia, Johnny pensava numa maneira de chamar a atenção da garota.
- Você gosta de poções? - Ele perguntou.
- Não muito. Mas eu tirava boas notas para o Snape não ficar em cima de mim.
- Ele é assustador. - Johnny riu.
- Às vezes, mas é uma boa pessoa. - Nádia sorriu e cortou um galho de Wigentree. - Como isso é duro. - a jovem reclamou.
O garoto aproveitou a situação para impressionar a sonserina.
- Deixa comigo. - John pegou o galho das mãos de Nádia e começou a parti-lo.
Nádia, em agradecimento, sorriu para o rapaz.
- Lembrem-se. - Começou o professor de poções, enquanto passava nas bancadas olhando o trabalho dos alunos. - As cascas de Wigentree, antes de serem jogadas na poção, devem estar em lascas...
O professor foi interrompido por uma explosão, vinda de um dos caldeirões dos alunos. Todos os presentes da sala se abaixaram para se protegerem, quando a explosão findou, os bruxos e bruxas do recinto vasculharam com o olhos, procurando a razão do ocorrido.
- ... pois pedaços muito grandes, deixam a poção instável, fazendo-a explodir. - Completou o professor Slughorn, levantando-se, ainda abalado.
Nádia e Johnny estavam dos pés a cabeça, sujos numa mistura mal cheirosa e desagradável de pó de casca de salgueiro, cascas de Wigentree e sumo de besouros cinzentos.
Todos os alunos presentes, riam dos dois.
- Me... me... d-desculpe. - Johnny dizia para Nádia.
- Tudo bem. Eu acho. - Nádia respondeu. - Por onde eu começo a me limpar?- Questionava-se a jovem.
- Não esfreguem. - Slughorn chegou perto dos dois. - Do contrário, vai dar urticária. Tirem-na com água corrente.
John e Nádia olharam um para o outro, ainda um tanto atônitos.
- Vocês estão liberados. Se limpem... e... peguem as anotações da aula depois. - Falou Slughorn, fazendo sinais em direção a porta.
Os dois jovens bruxos assentiram e saíram.
(...)
Na mesa ao lado, Richard ainda ria de toda a situação.
- Obrigado ela vingança Soph... Não tenho como te agradecer por isso...
- Essa não era a minha intenção! E você sabe! - A ruiva deu um tapa no amigo.
- Eu sei, mas agora não me sinto tão mal pela aula de Defesa Contra às Artes das Trevas. - O rapaz ainda dava risadinhas.
- Eu só tentei enturmá-la! - Resmungou a garota.
- Bem... você pode não ter conseguido muito comigo... Porém, com certeza eles dois vão ter um ponto em comum... Pelo resto da vida deles... - O garoto não parava de rir.
(...)
No corredor, Johnny se desculpava:
- Desculpa...
-Tudo bem. Acontece.
- Sério, desculpa.
- Tudo bem, Johnny. - Nádia sorriu sem graça e o garoto ficou calado.
Os dois deram mais dois passos e Johnny continuou:
- Eu lavo você!
Nádia olhou para o grifinório espantada e corou. Ao ver a besteira que disse, Johnny tentou consertar:
- Não, quer dizer, eu lavo seu uniforme.
- Não precisa.
Johnny tentou pensar em mais alguma coisa que poderia tentar fazer por Nady. Porém, vendo que, provavelmente, ele só pioraria ainda mais a situação (apesar de não imaginar como ele conseguiria tal feito, depois de explodir um caldeirão cheio de sumo de vermes na garota por quem tinha uma queda), optou por não arriscar.
- Até logo então... - O grifinório se despediu rapidamente, não dando tempo para a sonserina responder, saindo das masmorras. Enquanto procurava um banheiro para se limpar, o jovem estava torcendo para que um vira-tempo subitamente aparecesse em sua frente, para que pudesse tentar consertar as coisas. 

Comentários

Postagens mais visitadas