Algumas Vezes, Leões Andam Com Cobras - Parte 02

          Enquanto os três grifinórios esperavam, os pensamentos de uma certa ruiva estavam longe dali. A algumas poucas horas, Sophie não conseguiria imaginar que estaria ali.
          Apesar de não querer admitir, Soph sabia que seu plano era arriscado e louco. Porém, depois de conseguir tanta ajuda dos elfos de Hogwarts e o apoio de Johnny e Rich, ela simplesmente não podia deixar a oportunidade passar.
          Naquele momento, enquanto esperava no escuro, tudo o que Sophie conseguia fazer era se lembrar em como havia acabado ali, logo depois de ter descoberto o que havia ocorrido com Nádia.
***
          - Sophie, o que estamos fazendo na cozinha? E o que isso tem a ver com a Nádia? - Questionou Johnny, olhando os elfos trabalhando.
          - Você acabou com a minha ingenuidade de criança, que achava que a comida de Hogwarts vinha do nada... - Resmungou Rich, olhando a enorme quantidade de comida nas bancadas da cozinha.
          - A sua ingenuidade, simplesmente viola a Primeira Lei de Gamp... - Começou a ruiva.
          - " A comida pode ser convocada se a pessoa souber onde achá-la. Em meio a isso, a comida pode ser transformada e aumentada a sua quantidade; porém, não pode ser produzida do nada." - Interrompeu Rich, citando a referida Lei de Transfiguração. - Eu sei, só gostava de achar que Hogwarts faz o impossível. - O rapaz deu de ombros.
          Sophie colocou a mão no ombro de Richard, e deu um sorriso sincero para o amigo.
          - Ela faz... Agora vamos, nosso tempo é curto. - Falou a ruiva, retirando a mão do ombro do rapaz.
          - Ainda não entendi o que estamos fazendo aqui... - Murmurrava Johnny.
          Soph ignorou o amigo, ao reconhecer Kyla, a elfa de quem Nádia era amiga.
          - Kyla! - A ruiva chamou a pequena criatura, que veio em sua direção. - Acho que você não se lembra de mim... Mas eu sou amiga de Nádia.
          - Ah, a menina ruiva da Grifinória. - Kyla sorriu. - Conseguiu resolver seu problema?
          - Consegui sim. Muito obrigada. - Sophie respondeu. - Esses são Rich e Johnny. - Ela apontou para os garotos.
          - Olá rapazes. - Kyla cumprimentou os grifinórios.
          - Olá. - Eles responderam.
          - Vocês querem pudim? - Kyla perguntou.
          - Eu quero! - Rich exclamou.
          Sophie, deu um tapa no garoto.
          - Não viemos aqui comer! - Ela ralhou.
          - Mas eu gosto de pudim.
          - Temos outras prioridades Richard. - Ela olhou feio para ele.
          - Se não vieram comer pudim, o que desejam? - A elfa estava confusa.
          - Kyla, a Nádia foi atacada por um grupo da Sonserina. Ela te contou quem foi? - Questionou Soph, olhando atentamente para àquele pequeno ser de orelhas pontudas.
          - Contou sim. - Kyla respondeu.
          - Você pode nos dizer quem foi? - Johnny perguntou.
          - A menina pediu para eu não contar nada. - A elfa deu de ombros. - Ela é uma boa garota, não posso trair a confiança dela.
          Sophie suspirou, abaixando-se para ficar na altura da pequena criatura:
          - Ela ficou trancada com um bicho papão, por horas... Eu sei que ela não quer... - A ruiva procurava as palavras certas. - Ela é uma pessoa boa, que sabe-se lá porque, nunca conseguiu se encaixar na Casa que o Chapéu Seletor escolheu. Ela me ajudou, não me conhecia e não tinha obrigação de fazê-lo, mas fez. Me deixa retribuir, por favor Kyla.
          - Ela não tem provas, menina ruiva... Seria a palavra dela contra a deles... - Respondeu a elfa, abaixando o rosto.
          - Não pretendemos resolver as coisas pelas vias burocráticas. Queremos usar as vias alternativas, assim como você fez, quando a escondeu nessa cozinha, há cinco anos atrás, quando ela tinha onze anos... - Argumentou a garota.
          - Ela ficou trancada naquele armário por nossa culpa. Isso é o mínimo que podemos fazer. - Rich interrompeu a amiga.
          Sophie e Johnny olharam espantados para Richard. Kyla, por sua vez, respirou fundo:
          - Ela não pode desconfiar de nada.
          - Não vai. Deixa com a gente. - Sophie piscou.
          - Foi aquele grupo do último ano, do rapaz Jules Prince.
          - Sei quem são... - Johnny bufou. - Eles adoram perturbar os alunos do primeiro ano.
          - Eles fazem isso até com os alunos da Sonserina. - Rich completou.
          - Por favor, não contem para ela que fui eu quem disse. - Kyla pediu. - E também... não contem que eu fiquei muito feliz por vocês fazerem algo por ela.
          - Se quiser fazer alguma coisa para ajudar... - Sophie olhou para a elfa.
          - Talvez eu coloque laxante na comida deles. Por acidente sabe. - Kyla riu.
          A ruiva não se conteve, e deu uma risada:
          - Kyla, gosto do seu jeito de pensar. - Sophie endireitou-se. - Prometo vir aqui te visitar... para trocarmos algumas sugestões de pegadinhas. - A garota sorriu divertidamente para a elfa.
          - Sophie, temos de ir. - Falou Johnny, olhando para o seu relógio de pulso.
          - Tudo bem. - Concordou Soph.
          Os dois rapazes se despediram com um aceno de cabeça, e, em seguida foram em direção à saída. Antes de ir em direção à porta, junto aos amigos, a jovem ruiva disse:
          - Até mais Kyla. E obrigada mais uma vez. - A bruxa olhava para Kyla, apesar de ter
          - Apareça quando quiser, menina ruiva. - A elfa sorria docemente.
***
          Sophie balançou a cabeça, afastando seus pensamentos e se concentrando no plano. Eles só tinham uma chance. Distrações não os ajudariam.
(...)
          Passado um tempo, um pequeno grupo de sonserinos se aproximava da entrada do salão comunal.
          - São eles. - Rich sussurrou.
          - Esperem chegar mais perto. - Sophie avisou.
          O grupo parou e, antes que pudessem dizer a senha, bombas de bosta surgiram do alto e começaram a explodir neles.
          - Mas o que é isso??!? - Um dos garotos se abaixava, tentando se proteger.
          - Eu estou fedendo!! - A sonserina gritava.
          - ESTUPORE! - Os três grifinórios apontaram suas varinhas, acertando os alunos da Sonserina.
          Dois dos três sonserinos, caíram instantaneamente, caindo no chão como pedras. O terceiro sonserino, líder do grupo, Jules Prince cambaleava, tentando se reorientar. Porém, antes que o rapaz da Casa se vestes verdes pudesse erguer sua varinha, recebeu um soco de Johnny, que fez Prince cair desmaiado no chão.
          - Você tá maluco? - Rich gritou. - Não era para bater nele!
          - Ele atacou a Nádia! - Johnny respondeu ofegante.
          - Peguem logo a varinha deles! - Sophie ordenou. - Temos que sair daqui com eles sem ninguém ver a gente!
          Richard tentou voltar a se concentrar, pegando prontamente as varinhas dos capangas de Jules Prince.
          A ruiva agitou a varinha "Wingardium Leviosa!" e os corpos dos alunos desacordados começaram a flutuar.
          Johnny pegou a varinha de Prince que tinha ficado no chão e os três saíram apressados em direção ao campo de quadribol, com os corpos flutuantes seguindo-os.
          - Vamos guardar isso. - Sophie disse. - Coloquem dentro das suas vestes.
          - Onde vamos colocar essas varinhas? - Johnny perguntou.
          - Vou repetir minha pergunta de antes: VOCÊ POR ACASO É MALUCO? - Rich exclamou antes que alguém respondesse.
          - Será que podemos discutir sobre isso depois?! Quando estivermos no nosso salão comunal?! De preferência sem três corpos desacordados?! - Sussurrava a ruiva. Temos um longo caminho a percorrer ainda!
          - Tudo bem... - Disse Rich, dando o braço à torcer. - Eu esgano o Johnny depois...
          - Onde vamos deixar as varinhas? - Johnny repetiu a pergunta de outrora.
          - Joga em qualquer lugar do campo de Quadribol... Agora vamos! Antes que o Filch nos pegue! - Respondeu a garota.
(...)
          Na manhã seguinte, três alunos da Sonserina foram encontrados sem varinha, pendurados nos aros do campo de Quadribol. Os referidos alunos foram retirados dos aros e levados até a enfermaria. A notícia se espalhou por toda Hogwarts. Assim, o murmurinho entre os alunos começou.
          - Quem será que fez isso? - Um aluno da Lufa-Lufa indagava.
          - Quem se importa? Eles mereciam. - Um outro respondeu.
          - Foi muito bem feito. - Um terceiro dizia.
          - Viram o olho roxo do Prince?
          - Vi!
(...)
          No salão comunal da Grifinória, Sophie, Johnny e Richard conversavam.
          - Eles vão ficar na enfermaria por um bom tempo. - Sophie ria maliciosamente.
          - Acho que você caiu na casa errada ruiva. - Rich respondeu, também rindo.
          - Atenção alunos! - A professora Minerva entrou no salão. - Aqui em Hogwarts, nós prezamos a paz. Será inquirido quem fez essa brincadeira, se é que eu posso chamar disso, com os alunos da Sonserina e os responsáveis serão punidos. - Ela olhava feio para os alunos. - Eu espero que não seja nenhum aluno da Grifinória... ou as consequências serão piores.
          Todos os alunos da Casa dos leões permaneceram em silêncio, olhando uns para os outros.
          - Estarei na minha sala, caso os responsáveis queiram se apresentar. - A Diretora da Casa de retirou.
          Assim que McGonagall atravessou o Retrato da Mulher Gorda, os comentários voltaram a preencher o Salão Comunal da Grifinória.
          - Acha que eles sabem de algo? - Perguntou Johnny, um tanto nervoso.
          - Se soubessem, não estariam esperando o culpado aparecer... - Respondeu Rich.
          - Antes de pendurá-los, alteramos a memória deles... Além disso, mesmo que o grupo de Prince soubesse, eles não iriam nos dedurar, não antes de revidar, pelo menos. - Analisou Soph.
          - Então... Acho que já podemos fazer o convite oficial e dizer: Bem vinda ao grupo Nádia Elliot. - Falou Richard.
          - Ela não pode saber! Prometemos à Kyla! - Sophie disse, num sobressalto.
          - Não acha que ela vai desconfiar? - Johnny perguntou, olhando atentamente para a amiga.
          - Duvido... Aqueles ali perturbam todos os alunos. Qualquer um tem motivo. - Rich respondeu calmamente.
          - Bem... com motivos ou não, isso nunca aconteceu. Certo...? - Sugeriu Sophie.
          Os rapazes se entreolharam.
          - Nunca aconteceu. - Responderam os dois rapazes ao mesmo tempo.

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