Nem Todas as Tradições são Antiquadas - Parte 01
Gostar de alguém e não ser correspondido é uma das situações mais agonizantes que uma pessoa pode passar. Por mais que muitos considerem apenas um "draminha", um apaixonado simplesmente não consegue deixar de volta e meia pensar naquela situação em que se encontra, o famoso: "Quem eu quero, não me quer", não consegue deixar de achar que é a pessoa mais azarada no mundo. E é exatamente essa a situação do bruxo nascido-trouxa Richard Timms.
De certa forma, Rich havia se acostumado a ver Soph andando pelos corredores abraçada ao namorado Pierre. Na verdade, uma parte do garoto se sentia feliz pela alegria que a ruivinha demonstrava ao lado do francês. Porém, uma outra parte, teimava em nutrir esperanças.
Independentemente de Sophie agora dividir o seu tempo entre o grupo de amigos e o namorado, Rich nunca havia imaginado que a garota esqueceria da tradição anual deles. Essa tradição era algo para além de qualquer sentimento amoroso, era um segredo.
Um segredo daqueles que só grandes amizades têm. Porém, Soph não havia dito nada o dia todo, e talvez, uma tradição que ocorria há três anos, não fosse acontecer naquele ano. Ou pior, não fosse mais acontecer. Enquanto o grifinório estava sentado em frente à lareira de seu salão comunal, eram esses os pensamentos que rondavam em sua cabeça.
Rich estava sozinho no salão comunal. Todos os alunos tinham ido dormir cedo, pois no sábado ocorreria um jogo decisivo de Quadribol.
— Eu sou um idiota. — Resmungou o garoto esfregando os olhos, enquanto pensava: "Ela está namorando agora, é lógico que as coisas iam mudar!" Richard reclamava sozinho e acabou não ouvindo passos que desciam as escadas.
— Não acredito que você agora fala sozinho...
O jovem bruxo não acreditava no que estava vendo: era Sophie.
— Richard Timms, você está ficando doido!
A garota carregava, em uma de suas mãos um caixa embrulhada e, na outra, uma sacola. O garoto levantou e ajudou a garota com as embalagens.
— Você sabe que essa poltrona é minha! Pode chegando pra lá. — Sophie brincou. — Trouxe a cerveja amanteigada? - Ela perguntou, sentando-se na poltrona mais próxima à lareira.
— C-C-Claro. — Rich respondeu.
— Ainda está gago? Você precisa ser internado... Não começou a beber sem mim né?
O garoto negou com a cabeça. Não conseguia falar, estava absorvendo a imagem da garota a sua frente.
— O que foi?! — Questionou Sophie enquanto tirava os doces da Dedos de Mel da sacola. — Ah já sei... Tá chateado porque eu me atrasei... — A garota bufou. — A culpa não foi minha, o Ministério está interceptando todas as corujas e olhando as encomendas. Fiquei quase duas horas esperando a Valquíria chegar com as tortinhas no corujal. — Depois de colocar os doces sob a mesa, a jovem começou a tirar os sapatos de qualquer jeito. — Como se Você-Sabe-Quem fosse enviar alguma coruja contando os detalhes sórdidos de seu plano imundo... — Soph girou os olhos. — Bando de panacas.
Rich limpou a garganta.
— Não achei que faríamos esse ano...
— E por que não? Fazemos todo ano. — A garota tirava as tortinhas da caixa, enquanto Richard ainda parecia ter sido petrificado.
— Você...O Seboso...
— Ah! — Sophie suspirou e fez uma careta. — Deixa disso! Não é porquê eu estou namorando que esqueço das coisas. Além do mais, você é meu melhor amigo.
Rich não conseguiu não sorrir. Apesar de tudo, eles ainda tinham uma ligação.
— Então quer dizer que temos torta...— O garoto tentou desconversar.
— Temos. — Sophie abriu o pacote — Frescas, lindas e deliciosas.
Sophie entregou uma das tortinhas de limão para o amigo, pensando em como tinha sorte de tê-lo em sua vida. Rich era um rapaz estourado e teimoso, mas tinha uma gentileza e lealdade que poucos nesse mundo (bruxo ou trouxa) conservavam.
Enquanto ouvia Richard tagarelar, Sophie se pegou pensando nas qualidades do amigo, e em especial aquele dia em que negaram o convite para a Armada Dumbledore, chegando a conclusão que qualquer garota teria sorte de tê-lo.
Enquanto ouvia Richard tagarelar, Sophie se pegou pensando nas qualidades do amigo, e em especial aquele dia em que negaram o convite para a Armada Dumbledore, chegando a conclusão que qualquer garota teria sorte de tê-lo.
***
Os amigos Richard, Sophie, John e Nádia saíam da aula de Herbologia:
— Por Merlin! Que planta fedorenta! Vou ficar cheirando a podre por uma semana! — Rich dizia, cheirando as mãos.
— Ninguém mandou você passar a mão na folha. — Sophie respondia.
— A Sprout não disse que não podia pôr a mão! — O garoto explicava.
— Rich, o nome da planta é "Samambaia de Enxofre", você acha que ela ia cheirar a o quê? Bolo? — Nádia disse.
O grifinório falou mais uma reclamação em resposta, e os quatro continuaram até o castelo. Chegando lá, Nádia se despediu dos amigos e desceu para as masmorras, rumo ao Salão Comunal da Sonserina; os três grifinórios seguiram para o Salão da sua respectiva Casa.
Durante o trajeto, esbarraram com uma de suas colegas da Grifinória; era Hermione Granger.
— Ah, olá. Como estão? — Ela disse.
— Sobrevivendo as aulas do Snape... — Falou Soph, dando de ombros.
— Desejando só ter aulas de Trato de Criaturas Mágicas. — Disse Johnny.
— Querendo ser um jogador profissional de Quadribol logo. — Rich respondeu, fazendo uma careta ao cheirar as mãos.
A garota esboçou um sorriso e começou a falar:
— Bem, vou aproveitar que esbarrei com vocês e falar uma coisa. — Hermione olhou para os lados e abaixando o tom de voz continuou. — Eu e Harry estamos convidando vocês a fazer parte de uma "sociedade"...
Nenhum dos três amigos entendia nada, Hermione continuou:
— Ela se chama a Armada de Dumbledore. Desde que a Umbridge esteve aqui, nos alertou ainda mais para os perigos que iremos enfrentar, começamos ano passado e estamos tentando retomar este ano. Queria saber se vocês gostariam de fazer parte.
Os três continuaram em silêncio, até que Sophie falou:
— Nós vamos aprender a nos defender?
— Sim.
— Isso é ótimo! — A ruiva exclamou.
— E vocês terão uma ótima professora: a Nádia é uma excelente dueladora. — Johnny empolgou-se.
— Quem? — Hermione indagou.
— A Nádia . — O garoto explicou. — Aquela menina que anda com a gente.
— A tímida da Sonserina?
— Essa.
Hermione franziu o rosto, pensativa.
— Algum problema? — Questionou Soph.
— Bem... A Umbridge deixou de ensinar, mas se me lembro bem, os sonserinos a apoiaram em seu regime ditatorial aqui na escola... — Hermione começou.
— E...? — Perguntou Johnny , cruzando os braços em frente ao peito.
— Eu acho que não seria prudente pormos alguém da Sonserina. A AD só acabou ano passado, por conta das ações deles, em apoio a Umbridge. Não temos como correr esse risco. — Hermione respondeu.
— Então não é prudente nós fazermos parte. — Rich respondeu, deixando todos surpresos. — Veja Hermione, ela é nossa amiga, ou ela entra, ou não entramos.
Um intenso silêncio se instalou sobre o grupo de grifinórios, sendo ele quebrado por Neville Longhbotton, que havia acabado de encontrar o grupo:
— Mione! — O rapaz parecia não notar que todo o grupo estava visivelmente constrangido. — Já falou com eles sobre a AD? — O rapaz se virou para John. — É realmente ótimo para quem tem dificuldades em duelar! — Devido a continuidade do silêncio constrangedor, Neville achou que tinha ofendido o loiro. — Olha, não me leva a mal! Quer dizer, eu também não levo muito jeito... Afinal, se eu pudesse viveria nas estufas e... - O garoto continuou tagarelando.
— Nós não vamos participar. — Sophie respondeu.
— Ah, que pena... — Neville disse. — Mas vocês têm certeza? Eu acho que seria bom para todos nós interagirmos...
— Agradecemos o convite mas é não. — Rich interrompeu.
— Vocês têm mesmo certeza? — Hermione perguntou.
— Temos. — Johnny respondeu. — Falo pelo meus amigos quando digo que, se um de nós não é bem vindo, nenhum é.
— Mas a Hermione chamou todos vocês. Não é, Mione? — Neville virou para a garota.
— Não exatamente. - Hermione respondeu. — Eu não convidei a Nádia Elliot.
— Aquela menina tímida da Sonserina? — Neville perguntou e Hermione respondeu afirmando com a cabeça.
Longhbotton coçou a cabeça.
— É que sonserinos... Bem, eles foram a maioria naquele exército louco que a Umbridge montou no ano passado...
— A Nádia não participou de nada daquilo. Além do mais, todas as quatro Casas fizeram parte daquela coisa ridícula. — Soph interrompeu o garoto. — Isso não é desculpa.
— E mesmo que tivesse participado, ela faz parte do grupo. Ou todos, ou nenhum. — Johnny completou.
— Sinto muito pessoal, mas não posso abrir exceções. — Hermione respondeu.
— É. Realmente uma pena. — Rich deu de ombros. — Estão perdendo uma excelente dueladora.
— Eu preciso ir.Se mudarem de ideia, falem comigo. — Hermione disse.
— Não vamos. — Rich respondeu secamente.
Neville e Hermione se despediram brevemente, deixando Rich, Johnny e Sophie sozinhos. Assim que Granger e Longhbotton se afastaram, Soph virou-se para o amigo de cabelos e olhos castanhos:
— Sr. Timms, você não deixa de surpreender. — A garota sorriu orgulhosa e abraçou Richard.
O garoto corou com o abraço mas não deixou de responder:
— Ela é nossa amiga e faria o mesmo por nós.
Os três continuaram seu caminho em direção ao Salão Comunal.
***
Continua...
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